PERGUNTAS E RESPOSTAS IMPORTANTES

Antes da UFRGS adotar o sistema de reserva de vagas (cotas) no vestibular, os alunos de escolas públicas e alunos negros quase não tinham chance de se classificar?

Os alunos de escolas públicas classificavam em menor número do que os de escola particular, mas não eram poucos os que passaram. No vestibular de 2007 (antes das cotas), os alunos que cursaram todo ou maior parte do Ensino Médio em escola pública representaram 34,8% dos classificados. Acreditamos que este percentual subiu ainda mais no vestibular de 2008 (com cotas), já que muitos alunos de escolas públicas se classificam sem precisar das cotas, abrindo espaço para outros se classificarem.
Já os alunos negros sempre tiveram pouco espaço: em 2007, os candidatos que se classificaram auto-declarados negros ou pardos foram apenas 6,3% do total de classificados.
Nos últimos anos o número de inscritos no vestibular de escolas públicas não passou da metade do total (49% em 2003 e menos nos outros anos). Esperamos que com as cotas, ano após anos, este número cresça (assim como o número de vagas).

Os alunos de escolas federais (Colégio Militar, Aplicação, etc.) não representam a maioria dos alunos de escolas públicas que se classificam?

Não. Em 2006, por exemplo (último ano em que foi perguntado aos inscritos sobre o tipo de escola em que estudou o Ensino Médio), os alunos de escolas federais representavam 3,5% dos inscritos e 5,5% dos classificados. Os de escolas estaduais e municipais representaram 32,1% do total de classificados.

É verdade que a maioria que entra na UFRGS passa de primeira e nem sequer precisa fazer cursinho?

Não. Em 2007, por exemplo, 75% dos alunos que se classificaram fizeram vestibular mais de uma vez e apenas 7% passaram sem fazer cursinho. Isto quer dizer duas coisas: 1) tem que estudar! 2) não pode desistir de cara!!
Mas não esqueça: há vários cursinhos alternativos e populares na região metropolitana!
Em 2007, 40% dos alunos classificados não tinham pais que chegaram ao Ensino Superior e 30% declararam ter renda familiar total de até 5 salários mínimos.

Sobre a diferença de desempenho dos alunos de escolas públicas e privadas

É importante que se saiba que esta diferença de desempenho entre alunos de escolas públicas e privadas varia conforme o tipo de comparação que se faz. Geralmente, devido as inúmeras diferenças que se falam (infra-estrutura, salários de quem trabalha nas escolas, renda familiar dos alunos, formação dos professores, greves, etc.) pensamos que a escola pública forma, em geral, alunos incapazes, despreparados e com conhecimentos imensamente inferiores do que os alunos de escola privada.

ISSO NÃO É UMA VERDADE ABSOLUTA! NÃO ACEITE ESTA IDÉIA!!

O universo da educação é muito complexo e sabemos também que há escolas públicas muito boas e escolas privadas com muitas deficiências. Sabemos também que baixa renda familiar não determina se um aluno é “bom ou ruim”. Alem disso, estas diferenças variam conforme o contexto específico dos lugares.

No caso da escola pública gaúcha, veja este exemplo: os resultados do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2006 e 2007 mostraram que o Rio Grande do Sul possui as melhores médias de escola pública do Brasil, tanto na prova objetiva e na de redação. Também apresenta a menor diferença entre as médias de alunos de escola pública e privada (veja as tabelas abaixo e compare).

No caso do nosso Estado, apesar de todas as diferenças que sabemos existir entre escola pública e privada, em uma avaliação nacional tão importante como o ENEM, fica evidente que em termos de desempenho relativo a estas provas, a diferença é pouca, muito pouca.

O DISCURSO GENERALIZADO DE QUE A ESCOLA PÚBLICA, SEUS PROFESSORES E SEUS ALUNOS SÃO SEMPRE PIORES FAZ COM QUE MUITOS ALUNOS, FAMILIARES E PROFESSORES ACREDITEM FIRMEMENTE NESTA IDÉIA. COM ISTO, O DESEJO E A VONTADE DE IR MAIS ADIANTE MORREM COM ESTE SENTIMENTO DE SER OU ESTAR INFERIOR DIANTE DOS OUTROS. NÃO ACEITE ESSA IDÉIA!!!! SE SUA ESCOLA NECESSITA MUDANÇAS, LUTE E PARTICIPE DESTAS MUDANÇAS.

Tabela 1- Resultados das médias das provas objetivas do ENEM 2007 segundo a situação de estudo dos alunos participantes em relação ao Ensino Médio

Região --------Pública* ------Particular* ------Vantagem Particular
Brasil ---------50,48 --------62,97 ------------24,74%
Norte ---------45,24 --------55,26 ------------22,14%
Nordeste -----45,90 --------57,86 ------------26,05%
C.-Oeste ------49,49 -------61,06 ------------23,37%
Sudeste -------52,72 -------66,09 ------------25,36%
Sul ------------54,71 -------63,49 ------------16,04%
R. G. do Sul ---55,52 -------60,38 --------------8,75%
Fonte:MEC/INEP

* Média ponderada entre os que estudaram todo e os que estudaram a maior parte do Ensino Médio



Tabela 2 - Resultados das médias da prova de redação do ENEM 2007 segundo a situação de estudo dos alunos participantes em relação ao Ensino Médio

Região ---------Pública* --------Particular* -------Vantagem Particular
Brasil ----------55,42 ----------60,27 --------------8,75%
Norte ----------53,95 ----------58,92 --------------9,21%
Nordeste ------54,63 ----------59,94 ---------------9,72%
C.-Oeste ------55,19 -----------60,25 --------------9,16%
Sudeste -------55,50 ----------60,50 --------------9,00%
Sul ------------57,60 ----------60,26 --------------4,61%
R. G do Sul ----58,99 ----------61,32 --------------3,94%
Fonte:MEC/INEP

* Média ponderada entre os que estudaram todo e os que estudaram a maior parte do Ensino Médio

Fontes: MEC/INEP: Resultados ENEM 2006/2007. . COPERSE/UFRGS: Questionário Sócio-econômico dos vestibulandos da UFRGS, 2006-2007. Pesquisado em SPSS por Drdo. João Vicente Silva Souza.

Dialogue com os professores e com os responsáveis (pais e diretores) da sua escola. Participe com eles de um movimento para valorizar o Ensino Médio e o seu futuro! Seja ator principal da sua história. Peça e demonstre respeito, comprometimento e incentivo!

2 comentários:

Paulo Francisco Slomp disse...

Fonte: http://www.trf4.jus.br/trf4/noticias/noticia_detalhes.php?id=5859

TRF4 nega recurso contra sistema de cotas da Ufrgs

Terça, 26 de Agosto de 2008

TRF4 nega recurso contra sistema de cotas da Ufrgs

A 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4)negou hoje
(26/8), por maioria, o pedido de matrícula de sete candidatos aos
cursos de Administração e Relações Internacionais da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Eles alegavam que teria havido
desvirtuamento no Programa de Ações Afirmativas implantado pela
universidade.

De acordo com o desembargador federal Luiz Carlos de Castro Lugon, os
autores da ação concorreram num certame com regras preestabelecidas,
deles previamente conhecidas, e que não obtiveram êxito por não
estarem suficientemente preparados. Para o magistrado, não servem como
argumentação as fotografias anexadas ao processo – que mostram
pretensos estudantes ricos que teriam ingressado na universidade pelo
sistema de cotas –, pois foram colhidas de forma clandestina e
unilateral, sem observar o devido processo legal.

O desembargador destacou ainda que, das pretensas distorções na
aplicação do sistema de cotas, nenhum direito emergiria aos
vestibulandos. "As cotas foram criadas para beneficiar
hipossuficientes e negros", salientou Lugon. Se houve fraudes,
afirmou, estas foram em detrimento de outros hipossuficientes ou
negros, e não dos autores, que não disputaram as vagas reservadas.
Em relação às ações afirmativas, Lugon considerouque estas são
políticas voltadas à concretização da igualdade de oportunidades e à
neutralização dos efeitos da discriminação racial, de gênero, de
idade, de origem nacional e de compleição física. A noção de ação
afirmativa, ressaltou o desembargador, está "diretamente ligada ao
princípio da dignidade da pessoa humana", expresso na Constituição
Federal.

Para o juiz federal convocado Roger Raupp Rios, que também participou
do julgamento do agravo de instrumento na 3ª Turma, a alegação de que
diversos candidatos teriam ingressado na universidade pela reserva de
vagas sociais, apesar de oriundos do ensino privado, não pode ser
considerada. "Toda a denúncia de irregularidade ou defeito na execução
de uma política pública deve ser bem-vinda na democracia. Todavia,
disto não decorre qualquer direito dos denunciantes ao ingresso nas
vagas que se suspeitam incorretamente preenchidas", concluiu.

Anônimo disse...

Olá, o blog está ótimo. Várias dicas importantes, não sabia que a UFRGS fazia chamadas depois do listão e também dos cursinhos populares não tinha informações. Obrigada. :]

Obs: "Em 2007, 40% dos alunos classificados não tinham pais que chegaram ao Ensino Superior.."
não seria.. alunos classificados tinham pais que não chegaram ao Ensino Superior.

beijos.